Fui correndo para o hospital central da cidade num desespero quase que desnecessário. A notícia de que meu pequeno passou mal na creche me assustou. Eu estava saindo do trabalho quando recebi o telefonema de Meg dizendo que estava com ele e que eu não precisava me preocupar, mas como mãe isso é impossível.
- O que
aconteceu, Megan? - Perguntei a minha melhor amiga assim que entrei no quarto
do hospital.
- Alergia a
nozes, você sabia?
- Mas é
claro que sim, sou a mãe dele!
- Bom, a
Srta. Kate não foi avisada. - Deu ombros.
- Como não?
Foram as palavras que eu mais escrevi sobre os avisos dele. - A olhei
indignada. - Ela vai se ver comigo quando eu entrar amanhã naquela creche! - Me
irritei.
- Se acalma,
por favor. Não foi ingerido em grande quantidade. Ele já está bem, não é James?
- Ela olhou para meu pequeno que apenas sorriu.
- Não brigue
com a Srta. Kate mamãe, ela não teve culpa. - Ele disse com aquela voz macia e
suave que eu tanto amava.
- Tudo bem,
meu anjo. - Me sentei ao seu lado e acariciei o alto de sua cabeça. - Mas você
tinha que dizer a ela que não podia comer nozes.
- Mas eu
esqueci, mamãe. - Deu ombros e suspirou.
- O
importante é que está tudo bem agora. - Beijei sua têmpora.
Eu olhava
bem para aqueles olhos castanhos e grandes que ele tinha. Por mais que eu
estivesse um pouco nervosa com a situação, ele me deixava mais calma. Apenas de
saber que ele estava melhor, já me fazia suspirar aliviada.
- (Apelido),
preciso muito falar com você. - Meg se pronunciou em meio ao silêncio. - James,
fique aí por um instante. Não vamos demorar, só vou conversar com a mamãe.
Não entendi
o real motivo, mas saí do quarto junto á ela deixando a porta aberta.
- O que foi?
- Perguntei confusa.
Ela balançou
a cabeça e suspirou.
- Ele me
perguntou novamente sobre o... papai. - Cochichou a última palavra e me
observou séria. - Eu não sei mais qual desculpa inventar. Ele quer respostas, (Apelido)!
Cruzei os
braços e portei uma expressão de preocupação.
- Meg, ele ainda
é muito novo. - Tentei justificar.
Essa era a
fase que eu mais temia.
- Ele tem
quatro anos! Já tem idade suficiente pra saber que o pai dele é o seu melhor
amigo! - Se estressou.
- Fique
quieta! - Tampei sua boca ao notar que seu grito tinha sido alto demais.
Quando
engravidei de James, não contei a ele.
Tivemos uma relação, mas juramos esquecer. Éramos apenas amigos e logo depois,
comecei a namorar um cara chamado Joshua cujo os dois se odiavam. Faz quase
cinco anos que eu não vejo Liam e depois de ir embora, não mantive nenhum tipo
de contato mesmo prometendo que manteria. Me mudei de cidade logo quando meu
corpo começou a dar sinais e até então continuo aqui. Megan era a única que eu
confiava, nos conhecemos logo quando me mudei e consegui meu primeiro emprego.
Minha mãe me acompanhou até o nascimento de James, mas logo teve que voltar pra
casa.
- (Apelido),
já passou da hora. - Me olhou com compaixão. - Até quando você vai esconder
isso dele? Ele nunca teve culpa.
- Eu sei,
mas... - Antes de terminar, fui interrompida por ela.
- Pelo
James, conte pelo menos alguma coisa sobre o pai dele. Se coloque no lugar
dele, deve ser tão triste nem saber que é o próprio pai.
- Tem razão.
- Me chateei ao pensar na situação. - Vou fazer isso agora. - A olhei decidida.
- Ótimo, boa
sorte. - Sorriu e me abraçou apertado. - Tenho que ir.
- Ok, até
mais.
Assim que
Meg saiu, entrei no quarto um pouco receosa com o assunto.
- Por que
demorou tanto, mamãe? - Me olhou curioso.
- É que eu
estava pensando. - Sorri fraco.
- Pensando
em que?
É agora.
- Se lembra
quando perguntou sobre... sobre seu papai para a tia Meg?
- Sim. -
Assentiu. - Por que ela não me responde? E por que eu sou o único da turma que
não tem um papai? A Srta. Kate disse que todo mundo tem um papai. Então cadê o meu,
mamãe? - Me olhou com aquela carinha triste que me cortava o coração.
- Meu
amor...- Me sentei ao seu lado na cama e depositei minha mão em seus cabelos. -
É claro que você tem um papai. Ele só é um pouco ocupado. - Tentei arrumar uma
forma simples de explicar.
- Então é
por isso que ele nunca vem me ver? - Continuou com aquele olhar tristonho. -
Mas o papai do Noah vê ele todo mês, mamãe.
As perguntas
pareciam cada vez mais difíceis de se responder e aquilo estava me deixando
apreensiva.
- James, eu
não sei onde ele está agora. Mas eu prometo que você vai conhece-lo um dia, ok?
- Jura
juradinho?
- Juro. -
Sorri e dei um beijo em sua testa.
Ficamos em
silêncio por pouco tempo, mas ele voltou a falar.
- E como ele
é mamãe? - Ele perguntou e eu imediatamente sorri me lembrando.
- Ele é bem
alto! Também tem olhos escuros e um cabelo castanho. - Apertei levemente seu
nariz e ele riu. - Assim como você.
Era bom
poder vê-lo com um grande sorriso no rosto, era contagiante.
- Quando eu
chegar em casa vou desenhar ele! - Ele se animou e sorriu.
Passamos
cerca de mais duas horas no hospital até todos os exames estarem entregues.
Então logo depois disso, fomos direto para casa descansar. Pelo laudo médico,
James ficaria em casa por um dia. Ele estava bem, mas foi recomendado.
- James,
você se lembra do que eu disse? Nada de sobremesa antes do jantar. - O
repreendi.
- Desculpa
mamãe. - Ele riu e colocou o doce de volta no pequeno pote de vidro.
- Quer me
ajudar aqui?
Ele adorava
me ver cozinhar. Sempre dizia que quando crescesse, abriria um restaurante com
o meu nome.
- Sim! - Ele
se animou e se aproximou.
Preparei o
jantar e ele o suco. James sempre fazia o suco, era quase uma lei da casa.
Assim que terminamos de nos deliciar com a comida, nós dormimos.
No dia
seguinte, levantei um pouco mais do que de costume. Para minha sorte, eu estava
de folga, mas teria que sair de qualquer forma para resolver algumas coisas no
centro da cidade.
- Acorda meu
amor. - O balancei devagar.
Ele odiava
acordar cedo, mas eu tinha que sair e não poderia deixá-lo sozinho. Ele lavou o
rosto, se aprontou e veio todo sonolento até mim com seu achocolatado de
caixinha.
- Vamos. -
Peguei sua mão e fomos até o banco.
Meu carro
havia quebrado na semana anterior, e sinceramente fazia muita falta. Por conta
disso, andamos por bastante tempo pelo centro da cidade, pra lá e pra cá.
- Mamãe,
estou cansado. - Ele me olhou desanimado.
- Ok, vem. -
O peguei no colo.
Meu celular
tocou e com muita dificuldade, atendi Meg.
- Sim?
- (Apelido)?
Não me estrangule, mas preciso de um favorzão.
- O que foi
agora? - Revirei os olhos.
- Pode mudar
o dia minha passagem?
- Por quê?
- Tive que
adiar um pouco.
- E por que
você não faz isso?
- Primeiro,
eu tenho dificuldade com aeroportos. - Depois
de uma briga com a atendente por causa de um taxi, até eu teria. -
Segundo, o site está congestionado. Terceiro, eu não deixei os meus documentos
dentro da sua bolsa a toa. E quarto, eu te amo mais que tudo nessa vida, linda!
- Ok! -
Bufei. - Mas você me deve uma. Uma não, cinco! - Desliguei.
Fui até o
aeroporto de taxi. Quando cheguei, a fila estava gigantesca e a preferencial
parecia ainda maior. Peguei a "menor" fila e segui com James, que
dormia no meu colo. Passei quase meia hora ali esperando chegar a minha vez.
Assim que a senhora me chamou, ouvi o aviso de um desembarque, mas nada que eu
não ignorasse em questão de segundos.
Graças a Deus! Depois de quase mofar aqui, me chamaram. Fui
até o balcão, fiz o necessário e saí.
Antes de ir
embora, resolvi passar em café do aeroporto. Eu estava andando há horas com um
garoto de dezesseis quilos e meio e ainda não tinha tomado um café. Pensei
seriamente em acordá-lo para tomar o cappuccino preferido dele, mas achei
melhor o deixar daquele jeito. Peguei uma mesa próxima à Janela, me sentei com
ele no colo e pedi um simples frappuccino.
- Como você
é lindo. - Eu dizia enquanto olhava James dormir. - Impossível negar que você
se parece com ele.
Enquanto eu
tomava o líquido completamente distraída com aquele pequeno rosto angelical,
ouvi uma voz me chamar.
- (Nome)?
Olhei
imediatamente para o indivíduo ao meu lado e meu coração parou ao observar os
olhos quais James puxou. - Liam?! - Gelei da cabeça aos pés completamente
espantada.
Continua...
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